Na sua deslocação a Estrasburgo e a Bruxelas, o Presidente da República afirmou que "(...) É tempo de reflectir sobre qual deve ser a composição do grupo de instituições que são chamadas a intervir” nos países em dificuldades financeiras na Zona Euro, (...).", para justificar uma saída do FMI dos programas de ajustamento financeiro em curso na Europa e naqueles que, no futuro, se venham a mostrar necessários.
Pese embora todos os erros que foram cometidos no programa actualmente em curso em Portugal, creio que deixar a definição e orientação daquele e dos que se venham a mostrar necessários às instituições europeias é, na minha opinião, um erro grosseiro e grave.
E é um erro porque actualmente a União Europeia não é conhecida pela solidariedade entre os Estados-Membros, como também não é conhecida pela celeridade no ataque às crises.
A acrescer às razões expostas, existe ainda outra, a qual se prende com as diversas "receitas" apresentadas pelos actores europeus e a falta de concertação das mesmas.
Creio que ainda está fresco na memória de todos nós a polémica com a aplicação de uma taxa a todos os depósitos bancários no Chipre, independentemente do seu valor.
Pese embora esta medida tenha sido corrigida a posteriori, aplicando-se apenas aos depósitos bancários de valor superior a Eur. 100.000, só vem demonstrar a falta de bom senso dos actores europeus no ataque à crise europeia.
Portanto, deixar às instituições europeias a exclusiva responsabilidade de definir as responsabilidades dos programas de ajustamento financeiro é, mais ou menos, a mesma coisa que entregar um depósito de gasolina e uma carteira de fósforos a um piromaníaco e mandá-lo guardar uma floresta.
Por último, e como mera declaração de interesses, refira-se ainda que não sou, nem de perto nem de longe, um europeísta, mas isso será um tema a abordar muito em breve.
Refira-se, por último, que